Dizem que a história é feita de fragmentos. Vasculhando meus arquivos, encontrei uma tira de negativos guardada em um envelope com a anotação: Grota de Mirassol, antes de 1973, câmera Pentax SP 500. A partir disso, recorri à memória, a rascunhos, imagens e livros, até concluir que, no início dos anos 1970, existiam poucos locais na região que rendessem boas fotografias — os tradicionais cartões-postais.
Em Rio Preto, destacavam-se a antiga fonte da Praça Rui Barbosa, toda em mosaico e iluminada por lâmpadas multicoloridas; o belo jardim de samambaias do Palácio das Águas, com suas sereias no interior; a antiga Catedral; e parte da Represa Municipal. Mas o cenário mais completo ficava a 14 quilômetros dali: a Grota de Mirassol. Um lugar mágico, com árvores frondosas, samambaias, orquídeas, frutos nativos, animais e outras raridades da Mata Atlântica — um ambiente que lembrava regiões litorâneas, contrastando com o quente noroeste paulista.
Quando estive ali para fotografar, há mais de 50 anos, existia o famoso “tronco do descanso”, onde está o menino tirando uma soneca na imagem que ganhou destaque na “Coluna T. Monteiro”, da Folha de S. Paulo. Em outro fotograma da mesma tira, registra-se a “árvore cabana”, um jequitibá-rosa cujo interior servia de abrigo para piqueniques.
Pesquisando sobre Mirassol no livro Expo Nacional dos Municípios – Edição para o Estado de São Paulo (1974), editado por Álvaro Abujâmara, encontrei a seguinte referência às atrações turísticas da cidade: “Gruta (sic) de Mirassol, próxima ao centro, com represa, piscina e pequenas fontes; com bar e restaurantes bem montados, é procurada para piquenique”. A título de curiosidade, na época, o prefeito era Leopoldo Gottardi e o vice, Elias Thomé.
