Qual foi a última vez que esteve desconectado de tudo, sem nenhuma tarefa para cumprir, nada para performar, sem saber a última tendência, despreocupado em correr contra o tempo para estar em todos os lugares e sem atualizar o feed? A urgência que o nosso tempo imprime em nossas vidas vem criando uma desconexão com o real, com as vivências fragmentadas nos espaços públicos e privados, assistindo à vida parcialmente por entre frestas, absorvidas pelo compartilhamento de atenção com telas.

O FOMO (Fear of Missing Out, ou medo de ficar de fora) tem modificado nossa relação com o tempo e alterado a fixação de memórias, tornando cada vez mais desordenada a nossa percepção espacial e a conexão com os lugares, muitas vezes não nos lembramos como era o local onde estávamos, por onde caminhávamos ou quanto tempo passamos sentados absortos pelo carrossel de conteúdos virtuais que alimentam nossa ansiedade.

Em contrapartida, o JOMO (Joy of Missing Out, a alegria de ficar de fora), promove a satisfação em estar presente no momento, priorizar o que se faz bem e reordenar a agenda, sem culpa e sem comparações. Enquanto o FOMO cria demandas infinitas, desconexão e ansiedade, o JOMO propõe foco, cultivo da presença plena e repouso. Dessa maneira, a neuroarquitetura é aliada ao indicar a construção de ambientes que estimulem positivamente e acalmem, reduzindo o estresse e estimulando o bem-estar emocional. A neurociência demonstra que espaços com luz natural, boa acústica e conexão com a natureza ativam o sistema nervoso parassimpático — aquele que trazem calma e regeneração.

Conscientemente e com intencionalidade, a arquitetura pode colaborar com a criação de prédios e cidades que ajudem a desconexão do digital e reconexão com o real. Ao silenciar a mente e reduzir as tensões corporais ocorre a experimentação radical do agora, do tempo presente. Trazer o JOMO para o cotidiano não é apenas desligar o celular, é preciso estar atento a vida que passa e construir uma rotina leve que respeite seu ritmo.