Durante a maior parte da história humana, as pessoas viveram em núcleos familiares multigeracionais, nos quais a organização social se dava a partir de uma visão relacional com o mundo, os indivíduos como parte de um todo e interdependente: família, clã, vila, tribo e todas as formas de vida.

Muitas gerações viviam juntas, compartilhando os mesmos espaços, afazeres e cuidados. Desde o preparo do jantar ao cuidado com os bebês, as atividades eram realizadas de forma simbiótica e rica, permitindo a todos os envolvidos atenção e amor, cada idoso, adulto e criança em comunhão com a interação necessária ao bem-estar e pertencimento.

Os custos crescentes com habitação e a criação de uma sociedade fragmentada e dissociada fizeram com que o parentesco íntimo e apoio mútuo inerente às famílias extensas fossem perdidos, cuidados com idosos e crianças tornaram-se soluções relativamente modernas muito caras e impessoais.

Uma solução para o desmembramento familiar seria facilitar a habitação multigeracional, com a propagação das vantagens desse modelo ancestral, a construção de espaços familiares apropriados a adaptação das necessidades de cada geração financiamento para esse modelo e combate a padrões sociais de individualismo e solidão que são um desafio do nosso tempo.