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CIDADES PRIVADAS, INOVAÇÃO OU SEGREGAÇÃO?

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Um novo experimento propõe redesenhar a vivência em cidades, criar urbanismo privado e está se multiplicando pelo mundo. A ideia de corporações é a de construir cidades privadas sem depender da infraestrutura pública, alojar pequenos agrupamentos humanos que possam pagar pelo bem-estar baseado em regras próprias, sistemas jurídicos independentes e regimes fiscais otimizados para inovação e atração de capital.

Com infraestruturas e economias próprias, territórios adquiridos ou licenciados por grupos privados que desenvolvem infraestrutura urbana e criam regulações próprias, desenhadas sob medida por investidores e excluindo a participação de governos, em tese, seriam mais eficientes, tecnológicas e sustentáveis do que as cidades tradicionais, onde recursos e burocracia são empecilho. No entanto, somente uma pequena parcela da população teria acesso a esse oásis urbano, impondo uma segregação espacial neomedieval onde muros separam classes.

Os acordos são baseados em contratos exclusivos, impostos mínimos, autonomia sobre o território, zonas autônomas e foco em liberdade econômica como é o caso de Próspera, na ilha de Roatán, em Honduras, que promete ser um hub de inovação tributária e regulatória e quer atrair empresas de IA, blockchain, biotecnologia e fintechs. No deserto americano, Telosa será a cidade planejada, sustentável e justa, com modelo de cooperação, governança colaborativa e retorno do lucro fundiário à comunidade. Com objetivos diferentes, ambas almejam um território com regras próprias, verdadeiras bolhas que segregam e fissuram o tecido urbano rodeadas de desigualdade.

Há questões éticas importantes no modelo, principalmente no que tange ao sistema jurídico, legislativo e executivo privados, bem como a que interesses atenderão um futuro descentralizado de cidades que são sistemas complexos e que deveriam ser pensados para o bem comum.

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