Sentidos da Arte
Os trabalhos que participam do evento “Arte na Cidade”, promovido pelo Diário da Região, levam a refletir sobre os sentidos da arte. Muito se fala sobre ela, mas muitas vezes não se para respirar um pouco para pensar os seus significados em 2025.
De modo geral, pode ser conceituada como uma interpretação da vida, entendendo esta como aquilo que consideramos ser real e verdadeiro. Dessa maneira, ela se relaciona a diversos outros fatores que estão no seu entorno. Torna-se assim contemporânea por se inserir nas questões prementes que nos cercam.
Para um objeto ser artístico, acima de tudo, nessa linha de raciocínio, ultrapassa o utilitário, ou seja, está além de um uso prático, introduzindo a pessoa em outras esferas, como as do prazer. Isso significa que, além de satisfazer um ou mais dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), uma obra de arte, feita com algum tipo de técnica e material sobre algum suporte, se vale da criatividade para gerar emoções.
Os estilos artísticos, nesse contexto, estão intimamente relacionados a uma época, lugar, estrutura social, econômica, religiosa e política e à personalidade do artista. Para a análise de uma obra de arte, portanto, como ocorreu em “Arte na Cidade”, podem ser seguidos alguns critérios que valorizam o local e o universo de um trabalho plástico.
Um deles é o assunto, ou seja, aquilo que a obra enfoca. Existe em todas as modalidades artísticas, mesmo na arte abstrata, na qual o assunto é o próprio fazer artístico; e está relacionado à expressão, ou seja, à maneira de interpretar esse tema. Depende, portanto, muito da personalidade do criador e se relaciona intrinsecamente ao aspecto da obra e a intenção do artista.
As questões puramente formais, por sua vez, são desenvolvidas graças a vários recursos, como proporções, contornos, linhas; e cores, que podem ser primárias, secundárias ou neutras; e quentes ou frias, com diferentes tons. A unidade estética dos trabalhos pode ainda ser avaliada por alguns critérios, como harmonia; ritmo, e equilíbrio simétrico ou assimétrico.
Todas essas variáveis, além de outras, são apresentadas nesta edição do “Arte na Cidade”. Auxiliam a vislumbrar as dificuldades de se fazer e de se analisar a arte. Em última análise, cada artista lida com a distância entre aquilo que o mundo é e o que poderia ser; e entre o que deseja e o que consegue fazer, cabendo ao público lidar com o agradável desafio de, ao conhecer um trabalho, utilizar os seus recursos emocionais e racionais para fazer a sua própria leitura.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.