Rodrigo Motta une arte, ancestralidade e sensibilidade
Médico cirurgião plástico de formação e artista autodidata, Rodrigo Motta conquistou o 3º lugar com a obra “Eu Vejo Você”, uma criação em óleo sobre tela e costura de tecidos. A peça mistura técnica e poesia visual, trazendo à tona questões de identidade, ancestralidade e a forma como diferentes culturas se enxergam.
A ligação de Rodrigo com a arte é antiga: seus primeiros trabalhos com a arte foram aos 10 anos. “Por muito tempo eu usava isso apenas como uma forma de distração, e com a pandemia eu mergulhei mais a fundo na pintura.” Sem formação acadêmica em artes plásticas, ele revela que sua trajetória é marcada pelo instinto e pela experimentação. “Fui experimentando de forma autodidata, porque não tive escola. Tive aos 11 anos uma pequena aula de pintura em tela, mas foi pouco tempo, e eu ainda era muito novo. Depois disso, sempre gostei de brincar com relevo, textura. Então, comecei a adicionar tecidos.”
Esse interesse por materiais e formas mais táteis ganhou força com a descoberta de suas raízes. “Depois que descobri também a parte da minha ancestralidade, comecei a mergulhar mais na temática dos povos originários, povos indígenas, africanos. Por causa disso, fiz muita coisa com essa temática”.
Sua obra premiada, “Eu Vejo Você”, nasce desse contexto. “É uma inspiração pensando em como uma criança indígena estaria olhando para o nosso mundo aqui. Mais curiosa, com certo receio, como se estivesse olhando atrás de uma cortina”, explica. Rodrigo destaca que a obra é guiada por respeito e reflexão. “A gente sabe como enxerga esses povos, muitas vezes de forma equivocada. No entanto, a visão deles sobre nós quase não é falada. Então, é como se eles estivessem observando a nossa cultura e tirando suas conclusões”.
Apesar da rotina médica, a arte ocupa um espaço essencial na sua vida. “É o meu momento de conexão com as inspirações”, conta. E vai além: para ele, arte e medicina se cruzam. “Me dei conta que as artes plásticas têm muito a ver com a cirurgia plástica. Tudo fala sobre luz e sombra. Um acaba complementando o outro”.