Pets em túmulos de familiares
Fazer a matéria sobre o sepultamento de pets em túmulos familiares em Rio Preto me emocionou profundamente. Enquanto fotografava o momento de despedida da Belinha com os seus tutores Idelci e Luís Fukusima ao lado, inevitavelmente lembrei da minha própria história: da minha cachorra poodle Dara, que partiu três meses após a perda do meu pai.
Dara foi minha companheira fiel durante anos. Ela esteve ao meu lado em muitos momentos difíceis, inclusive nos dias silenciosos que se seguiram à ausência do meu pai. Sua partida, tão próxima da dele, me ensinou sobre o amor incondicional e sobre o luto que não escolhe espécie — dói igual, machuca fundo e deixa uma saudade que não se mede.
Ao presenciar o carinho e o respeito com que os tutores de Belinha realizaram esse ato simbólico e tão cheio de significado, senti que cada imagem capturada falava também da minha própria dor e da memória viva da Dara. A nova lei, que permite sepultar pets junto aos familiares, é, acima de tudo, um reconhecimento de que esses seres são, sim, parte da família, e merecem um adeus digno, ao lado daqueles que tanto amaram.
Hoje, como fotógrafo, mais do que apenas registrar, vivi mais uma vez o poder que uma imagem tem de tocar, provocar e transformar. E, como filho e tutor, reafirmei o quanto o amor que temos por quem parte — humanos ou não — nunca se apaga.
Guilherme Baffi
Repórter fotográfico