A ARTE QUE OCUPA A CIDADE E TRANSFORMA REALIDADES
Mais do que um concurso de artes visuais, o projeto “Arte na Cidade”, promovido pela Revista Bem-Estar, afirma-se como uma iniciativa de profundo impacto cultural e social. Em sua terceira edição, com 71 artistas inscritos e uma seleção criteriosa de obras que estarão em exposição no Riopreto Shopping entre os dias 23 de julho e 22 de agosto, o concurso reafirma o papel da arte como linguagem viva, acessível e transformadora.
A presença de obras de arte em espaços públicos — como centros comerciais, terminais, praças ou corredores de grande circulação — rompe barreiras simbólicas e convida o público a um contato cotidiano com a sensibilidade e a pluralidade de olhares dos artistas locais. Ao deslocar a arte dos circuitos tradicionais e acadêmicos, o “Arte na Cidade” promove a democratização do acesso estético e estimula uma percepção mais inclusiva da cultura como bem coletivo e direito fundamental.
A arte, quando integrada à paisagem urbana, reconfigura sentidos, provoca questionamentos, desperta memórias. Ela deixa de ser somente objeto de contemplação e torna-se experiência partilhada. É nesse encontro — entre a expressão artística e a vida cotidiana — que emergem novas formas de pertencimento e de leitura do mundo. A cidade se transforma em galeria aberta, e seus habitantes tornam-se espectadores ativos, convidados a refletir sobre si, sobre o outro e sobre o tempo presente.
Nesse contexto, a Revista Bem-Estar cumpre um papel essencial: ao assumir a curadoria e a difusão do projeto, atua como mediadora entre criadores e comunidade. A mídia regional, com sua capilaridade e conhecimento da realidade local, contribui não somente para dar visibilidade aos artistas, mas também para formar públicos, valorizar talentos emergentes e enriquecer o repertório cultural da região. Sua atuação reafirma a relevância do jornalismo comprometido com a promoção da cultura e com a construção de vínculos sociais mais sólidos.
Outro aspecto de destaque é a curadoria técnica, que garante qualidade, coerência e legitimidade ao processo de seleção. O olhar atento dos jurados especializados, comprometidos com critérios estéticos e conceituais, valoriza a diversidade de linguagens e assegura à mostra um recorte representativo da produção contemporânea local, respeitando tanto o rigor artístico quanto a multiplicidade de vozes.
“Arte na Cidade” é, portanto, mais do que uma vitrine. É uma afirmação da potência criativa que pulsa nos territórios; a cidade olhando para dentro de si, por meio da arte, e reconhecendo-se em suas cores, formas e narrativas; o exercício de pertencimento, de diálogo e de construção coletiva do sensível. Quando a arte encontra a cidade, algo essencial acontece: o cotidiano se ilumina e se reinventa.
TROFÉUS QUE FALAM AOS SENTIDOS
A arte, em sua essência, é um convite à percepção do mundo por meio dos sentidos. Inspirada por essa ideia, a artista plástica Norma Vilar concebeu os troféus do concurso Arte na Cidade como obras simbólicas que transcendem o simples reconhecimento formal e se tornam, por si só, objetos de reflexão sensorial e estética.
Cada troféu representa um ou mais sentidos: olhos, bocas, narizes e orelhas compõem as três esculturas em uma homenagem visual à escuta, à visão, ao olfato e à fala. O quinto sentido, o tato, está sugerido sutilmente, mas não menos presente — ele é evocado pela própria matéria e textura da obra, que convida ao toque, ao manuseio, ao contato direto com o gesto artístico.
Ao dar forma a esses elementos, Norma propõe um contraponto sensível à conhecida figura dos “três macaquinhos sábios” — aqueles que não veem, não ouvem e não falam. Em vez de silêncio e negação, os troféus do Arte na Cidade afirmam a abertura, a escuta, o olhar atento, o diálogo e a experiência tátil. Eles não se fecham ao mundo, mas se oferecem como pontes para perceber, sentir e transformar.
Mais do que símbolos de conquista, essas peças são metáforas da arte viva: aquela que vê com profundidade, que escuta as vozes da cidade, que fala com coragem e que convida ao toque, à aproximação e à presença. Ao premiar os artistas participantes com essas esculturas, o projeto Arte na Cidade reafirma sua proposta: levar a arte ao encontro das pessoas, provocando sentidos e ampliando percepções.